Dietas da Moda: Sem Glúten e Sem Lactose

A dieta sem glúten e sem lactose começou a ser conhecida por todos nos últimos dois anos, como uma nova proposta de emagrecimento graças à divulgação de algumas celebridades que afirmaram ter perdido de 4 a 6 Kg com o uso desta dieta da moda. Desde então, as principais revistas de saúde e emagrecimento vinculam matérias que sugerem a exclusão destes nutrientes da alimentação independente da necessidade ou não de cada pessoa.

Vamos entender um pouco sobre cada uma destas dietas tão comentadas no momento:

O glúten é uma proteína de origem vegetal presente nos cereais como trigo, aveia, centeio, cevada e malte que, no organismo de pessoas sensíveis, pode provocar reações, entre elas diarreia, flatulência e fadiga. Existe apenas 1% da população que apresenta intolerância a este nutriente e que não podem de forma alguma ingeri-lo em sua alimentação.

Alguns especialistas que defendem a dieta afirmam que o glúten é uma proteína de difícil digestão e em função disto pode causar uma inflamação no intestino dificultando a absorção de nutrientes específicos da alimentação e consequentemente provocando sobrepeso e obesidade. No entanto, não existem estudos científicos que comprovem este fato para a população saudável.

Atualmente o glúten só pode ser excluído da alimentação mediante a um diagnóstico comprovado da intolerância ou alergia a este nutriente, que podem ser feitos através de exame de sangue, testes genéticos e, se necessário, biópsia do intestino.

Mas por que em algumas pessoas que excluíram o glúten apresentaram redução de peso? Ao cortar este item da alimentação, você acaba trocando alimentos gordurosos e industrializados por opções mais saudáveis e consequentemente ingerindo uma quantidade de calorias menor que o habitual, sendo assim, com certeza haverá redução de peso.

Nesta mesma linha, a dieta sem lactose tem como base os mesmos princípios da dieta sem glúten. São excluídos do cardápio, o leite e seus derivados, pois acredita-se que o açúcar (lactose) e as proteínas (caseína e betalactoglobulina) dos laticínios possam provocar processos inflamatórios deixando o corpo vulnerável ao ganho de peso. Além disto, podem provocar alterações gastrointestinais como flatulência, diarreia e dores abdominais.

Alguns nutricionistas e mesmo médicos conceituados da área associam o leite de vaca como um vilão da alimentação por supostamente estarem associados a alergias alimentares e até mesmo alterações respiratórias. E neste novo cenário, o que observamos é que da recomendação diária, apenas 50% do consumo de cálcio é atingido.

Não existe outro alimento que forneça tanto cálcio para o organismo humano quanto o leite. De nada adianta analisarmos somente as quantidades de cálcio presentes em cada alimento, é preciso avaliar o quanto ele é absorvido com facilidade. E os índices de absorção de cálcio através de consumo de leite de vaca são os mais altos.

As principais consequências da baixa ingestão de derivados lácteos são: menor aporte de cálcio em todas as faixas etárias envolvidas, menor possibilidade de integração social, menor aporte de vitamina D associada e maiores chances de osteopenia e osteoporose. Agora estudos apontam para mais uma consequência: a Obesidade.

 Estudos recentes tem apresentado uma associação positiva com o consumo de alimentos fontes de cálcio e a redução do peso, principalmente relacionado a gordura abdominal. Alguns destes estudos, apontaram a redução de 15 Kg com o consumo de 3 porções de leite por dia e de 20 cm de circunferência abdominal, após 5 meses de monitoramento. Outros estudos ainda demonstraram uma redução do açúcar do sangue e da insulina circulante – hormônio responsável pelo acúmulo de gordura corporal.

Além de favorecer a densidade óssea e promover emagrecimento, o leite e seus derivados contém proteínas específicas presentes no soro do leite (Whey Protein) que são responsáveis por promover aumento de massa muscular. Outras pesquisas ainda apontam a presença de um aminoácido chamado Triptofano, presente no leite, como responsável pela promoção da saciedade, mas principalmente atuando no bem-estar e contra a ansiedade/depressão.

Assim como o glúten, a lactose só poderá ser excluída da alimentação mediante a um diagnóstico comprovado da intolerância ou alergia a este nutriente, uma vez que não existem comprovações cientificas de que a restrição deste nutriente para pessoas saudáveis possam colaborar na redução do peso corporal.

Lembrem-se de que estas são mais um exemplo de dietas restritivas, no qual um grupo de alimentos é excluído. Você não aprende a se alimentar com qualidade e equilíbrio e ainda corre o risco de promover um desequilíbrio corporal pela não ingestão de nutrientes muito importantes para o bom funcionamento do organismo. Então, sempre consulte a opinião de um nutricionista para obter o máximo de benefícios que a alimentação tem para lhe oferecer.

Artigo escrito para o blog Cozinhando para 2 ou 1

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